O sangue de Nicole já salvou dez cachorros.
As doações são feitas a cada três meses; a dona, Ana, diz que é uma dádiva poder ajudar os outros
Ana com a pitbull Nicole, que a cada três meses doa sangue para o hemocentro canino de Ribeirão (Foto: Matheus Urenha/A Cidade)
Localizado em Ribeirão Preto, ele é um dos três hemocentros caninos do interior do Estado - os outros estão em Campinas e São José do Rio Preto.
“Tenho muito orgulho dela, é uma dádiva poder ajudar os outros”, diz Ana Maria Carvalho, de 46 anos, dona de Nicole - que fez sua última doação na quinta-feira passada.
Ana Paula Canesin, veterinária e proprietária do HemolabVet, não tem dúvidas: “todos os cães doadores são heróis”, diz
Ela também faz sua parte: seus dois cachorros da raça Cane Corso ajudam a completar as 60 bolsas de sangue coletadas pelo laboratório todo mês. Em três anos de existência, pelo menos dois mil animais foram salvos pela instituição.
Um deles foi a vira-lata Laila, que aos 14 anos contraiu doença do carrapato. Ela só está viva devido à transfusão feita na semana passada.
“A doação de sangue é um ato heróico dos cães e dos donos e deve ser incentivado”, agradece Solange Gomes, proprietária de Laila.
Déficit
Mas Ana Paula diz que, assim como na doação humana, a canina tem demanda muito maior do que a oferta - até animais de Minas Gerais recebem transfusão de Ribeirão.
A coleta leva apenas quinze minutos e, segundo ela, não prejudica o cão - que nem precisa repousar depois. Quem quiser ser o novo herói de quatro patas deve ter entre um e oito anos, pesar acima de 23 quilos e ser dócil - pois o animal não é dopado.
ANÁLISE
Convivência tem milhares de anos
Os cães e os homens estão a, ao menos, 14 mil anos evoluindo juntos, com uma história de empatia e a especialização na comunicação mútua.
Um dos primeiros benefícios dos cães, por exemplo, foi alertar as situações de perigo aos homens, como na aproximação de predadores. Com a evolução lado a lado, os cães se tornaram muito bons em compreender as nossas expressões – inclusive as microexpressões faciais de milésimos de segundos.
Em contrapartida, fomos selecionando os cachorros que têm maior afinidade conosco.
Eles, aliás, gostam de fato de nossa companhia. É nesse sentido que podem ser considerados heróis, pois se ajustam para encontrar sempre a melhor forma de nos agradar
Patrícia Monticelli Almada - especialista em comportamento animal
Fonte: Jornal A Cidade - Cristiano Pavini
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