Iniciativa de empresária e estudante de jornalismo entregar moradia para cães abandonados em Santa Catarina. Ação deve se espalhar no Brasil e no exterior
Fonte :Thiago Baltazar

O frio severo que predominou durante o outono nas regiões Sul e Sudeste do Brasil neste ano serviu para aquecer o coração de uma empresária de Lages, no interior de Santa Catarina. Bruna Uncini, de 26 anos, iniciou um projeto de distribuição de casinhas para animais de rua como forma de acalentar o sofrimento causado pela frieza do abandono e baixas temperaturas na região.
"O projeto começou há dois meses por causa do frio quando estava no centro da cidade e vi um aglomerado de cãezinhos no canto, a maioria debilitados", contou à Marie Claire sobre o começo da iniciativa. "Sabe quando dá aquele estalo? Mas eu já queria fazer algo há bastante tempo", ponderou.
Com a ajuda de Bruno Hartmann, gerente de proteção animal de Lages, e Clênia Souza, responsável pela ONG Adote Lages, Bruna já entregou 131 casinhas em 25 dos 71 bairros da cidade. "Nossa meta são 500".
A iniciativa funciona em 3 etapas, conforme explicou Bruna. " A primeira é a instalação das casas. A segunda é a castração e vacinação dos animais, um trabalho feito por veterinários voluntários". A terceira é a conscientização das crianças em escolas da região. "Se os cães estão ali é por conta do abandono humano”, afirmou.
Além do abrigo, os animais também recebem água e ração para que possam sobreviver sem a necessidade de revirar o lixo. Eles ainda recebem o carinho de moradores que vivem próximos dos abrigos, em especial dos pequenos. "Sempre somos bem recebidos quando o assunto é criança, onde não tem maldade e tem, sim, muito amor envolvido".
O projeto Ajude Um Animal de Rua é fruto do amor que catarinense nutre por pets desde a infância, quando ajudava animais de rua. "Uma vez resgatei cães que estavam amarrados dentro de uma sacola em uma rodovia", lembrou. "E sempre carreguei ração na bolsa".
A empresária, estudante de jornalismo e dona de um salão de cabeleireiros, precisou tirar o pouco tempo que teria para si própria para dar continuidade ao projeto. "Parei o curso de inglês, senão ficaria louca. Mas hoje vejo que a gente vai mudar a realidade de muitos lugares".
CÃO ABANDONADO RECEBE ABRIGO EM LAGES, SANTA CATARINA (FOTO: DIVULGAÇÃO)
FINANCIAMENTO
A catarinense recorreu ao financiamento coletivo online para arcar com os custos da compra dos abrigos, produzidos com material ecológico e reciclável em Rio do Sul, interior do estado. Mas, segundo a jovem, quem não pode contribuir com dinheiro, pode doar força de trabalho. "A comunidade tem ajudado com água, cobertor, ração. Ontem fizemos uma força tarefa a limpeza nas casinhas."
Com autorização para prefeitura para instalar os abrigos em praças públicas, Bruna também conta com a ajuda de empresários ou grupos de amigos para levar a iniciativa adiante. "A gente coloca plaquinhas com o nome de empresas que ajudaram com o mínimo R$118 a comprar uma casinha". As moradias são resistentes às mudanças climáticas e parafusadas no chão para evitar vandalismos. "Mas nunca tivemos nenhum problema desse tipo".
A iniciativa deve se espalhar em pouco tempo pelo Brasil, pois há interessados em estender o projeto em outras cidades, como Rio e São Paulo. "A aceitação tem me surpreendido bastante, estou feliz em poder repassar isso para outros lugares. Essa semana recebi contado de Portugal e Argentina de pessoas que querem começar o projeto por lá".
Quem quiser ajudar o projeto, pode fazer a doação no site de financiamento coletivo ou se disponibilizar para trabalho voluntário na manutenção das moradias e oferecer e calor humano.
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