Durante 13 anos,Fabiana Barruffini,trabalhou no mercado financeiro,tirou um sabático(parada estratégica na carreira), e não voltou mais. Abriu uma loja que quer levar alimentação saudável para os pets.
Fabiana Barruffini tem sete cachorros. Cinco moram em seu sítio, no sul de Minas Gerais, e outros dois vivem com ela em São Paulo. Apesar do carinho pelos bichos, ela nunca tinha pensado em se dedicar a eles como profissão. Fabiana é engenheira mecânica por formação e trabalhou durante 13 anos no mercado financeiro, principalmente com fusões e aquisições e emissão de ações. “Eu gostava, mas é um trabalho que não tem dia, não tem hora, e com os anos isso vai cansando”, afirma.
Um pouco por acaso, após um susto com um de seus cachorros, Fabiana acabou descobrindo uma filosofia natureba para pets e decidiu transformar a ideia em um negócio próprio. Ela criou o MOM, um petshop inaugurado no final do ano passado, em São Paulo, que oferece produtos e serviços pouco tradicionais.
Já ouviu falar sobre comida congelada 100% natural e sem conservantes para cachorros? Ela vende. Osso de boi in natura para roer? Tem também. Roupas de algodão, remédio contra pulgas à base de plantas, biscoito orgânico, lacinhos de enfeite tingidos com corantes naturais… estão todos nas prateleiras. Seus fornecedores são escolhidos a dedo, com o objetivo de atender à proposta da loja.
A equipe que atende os animais também é diferenciada. Uma veterinária especializada em nutrição, uma acupunturista e uma clínica geral fazem o atendimento médico. Na hora do banho (dado com shampoo natural) há um espaço totalmente separado para cachorros e gatos. O segundo, inclusive, conta com um spray de feromônio que acalma os felinos na hora da ducha, iniciativa que está conquistando muitos clientes.
Um sabático, um susto e um estalo
No início de 2012, após um período se questionando sobre o futuro de sua carreira, Fabiana decidiu tirar um sabático. Viajou alguns dias e mudou-se para o seu sítio para descansar e fazer planos. Em agosto, voltou a conversar com algumas empresas, mas nenhuma das propostas para retornar à área financeira a deixou animada. Durante um jantar com alguns amigos, veio a sugestão: por que não abrir um negócio próprio? “Eu sempre tive vontade de abrir alguma coisa, mas nunca tive uma ideia pela qual me apaixonasse”, conta.
Durante o sabático, Bento, um de seus cachorros da raça bernese, teve um problema de saúde. Uma reação alérgica à vacina de leishmaniose o deixou inchado, com queda de pelos e abatido. Alguns meses se passaram sem que ele apresentasse uma melhora definitiva. Fabiana começou a buscar tratamentos alternativos e descobriu o blog de uma veterinária que defendia uma alimentação natural para os cães. Isto é, menos ração industrializada e mais comida de verdade. Ela resolveu experimentar e, em 15 dias de dieta, o bicho “renasceu das cinzas”, na definição da própria dona.
“Marquei uma consulta com a dra. Sylvia [Angélico, dona do blog], comecei a comprar livros na Amazon sobre alimentação natural e pesquisar o que havia sobre o assunto nos Estados Unidos e na Europa. Achei que essa era uma boa ideia. Então, no começo de 2013, passei algumas semanas na Califórnia para pesquisar o mercado e quando voltei tinha a proposta do negócio”, lembra Fabiana.
Foi assim que surgiu o conceito da MOM. “Queria algo com foco em alimentação natural, mas de um jeito prático. E queria que fosse um lugar agradável, no qual as pessoas quisessem passar um tempo”, diz. Sylvia, inclusive, foi convidada para o projeto e hoje é uma das profissionais que atendem no petshop, por R$ 150 reais a consulta.
Fabiana passou quase um semestre montando o negócio, elaborando o business plan, procurando o imóvel certo e trabalhando com arquitetos. Ela também contratou uma consultoria para ajudá-la nesse processo. Só de pesquisa de fornecedores, foram quase três meses até encontrar o portfólio ideal. Atualmente, ela trabalha com cerca de 35 empresas. No total, ela investiu um pouco mais de R$ 500 mil para tirar a MOM do papel.
A parte mais difícil, segundo ela, foram os fornecedores. “O setor é muito complicado, tem muita coisa amadora. As pessoas achavam estranho a gente exigir nota fiscal. Um deles, que faz os arranhadores para gato, inclusive ajudamos a abrir empresa, porque os produtos são incríveis e a gente queria de qualquer jeito, mas ele tinha um negócio totalmente informal.”
Filosofia
A ideia do petshop é oferecer os produtos e tratamentos mais naturais possíveis. Fabiana defende com veemência que rações industrializadas não são o melhor alimento para cães e gatos. Segundo ela, apesar de serem balanceadas em termos de nutrientes, possuem conservantes e não são alimentos frescos. “Nem nós comemos industrializados em todas as refeições, porque para os bichos não faria mal?”, provoca.
Claro que para oferecer comida natural mesmo, só comprando carne no açougue e cozinhando legumes em casa. Mas Fabiana quer facilitar a vida desses donos: há empresas brasileiras especializadas em alimentação saudável para cachorro e gato e seus produtos são vendidos na MOM.
Entre as opções, porções congeladas, que podem ser de frango, carne ou cordeiro. Há também enlatados sem conservantes e petiscos liofilizados (processo que seca a comida para dispensar o uso de conservantes). Os ossos para roer são 100% naturais: são tirados direto do boi e não passam por nenhum processo de clareamento - por isso a aparência pode ser um pouco estranha.
Fabiana admite que a demanda por esse tipo de produto ainda é pequena e que as pessoas que visitam o petshop muitas vezes precisam ser apresentadas às novidades. “Não espero converter as pessoas de um dia para o outro sobre alimentação natural. Mesmo comigo não foi assim. Há um trabalho de conscientização. Mas temos atraído muitos clientes por causa do que oferecemos e um movimento maior do que o esperado nesses primeiros meses”, conta. Ela também sabe que o custo de trocar uma ração por alimentação natural, especialmente produtos prontos, não é pequeno, mas acredita que a busca por essa alternativa tem muito espaço para crescer.
Fonte: POR MARCELA BOURROUL
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