Em protesto, representantes das religiões e matrizes africanas organizaram um protesto na próxima segunda (6)
O
projeto que visa proibir o sacrifício de animais em rituais realizados
pelos terreiros de candomblé, apresentado pelo vereador Marcell Moraes
(PV), vem causando muita polêmica no meio religioso e também na Câmara
Municipal de Salvador. De acordo com o projeto, o objetivo é substituir os animais por plantas e frutas durante as rezas.
Em
entrevista ao iBahia, Marcell disse que toda polêmica criada contra o
seu projeto é para atender a interesse pessoais. Segundo ele, o que está
acontecendo é falta de informação e muita politicagem, alegando que
alguns vereadores querem ganhar espaço, agregando o movimento do
candomblé contra o seu projeto.
O
vereador ressaltou que não é contra a religião e sim a favor dos
animais. "Eu fui eleito para defender os animais e vou fazer isso até o
último dia do meu mandato. Eu não sou contra a religião, as pessoas
estão totalmente desinformadas", criticando a suposta manifestação
de representantes das religiões e matrizes africanas programada para a
próxima segunda-feira (6) na frente da Câmara.
"Eu fui eleito para defender os animais e vou fazer isso até o último dia do meu mandato"
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Segundo Ordep Serra, todos os animais sacrificados nos rituais são consumidos pelos que participam da festa, só que a diferença para um restaurante, por exemplo, é que é feita uma reza para oferecer aos orixás. "Não é um ato bárbaro. Os animais são consumidos por quem comparece, só que é proferido aos orixás", explicou.
Questionado sobre a tradição dos rituais do candomblé, o vereador disse que o mundo evoluiu e as religiões devem fazer o mesmo. "As religiões têm que se adaptar ao novo século, a evolução do ser humano. O povo acha certo que uma mulher seja morta a pedradas por trair o marido como acontece no Oriente Médio? Então, tem tradições que devem ser quebradas", acrescentou.
"O projeto é ignorante, arrogante, preconceituoso, intolerante religiosamente e tingido de racismo"
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O
antropólogo salientou que já frequentou dezenas de terreiros, no qual
já participou de diversos rituais e em nenhum deles é presenciado por
criança, como foi especulado pelo vereador. Segundo ele, o sacrificador é
uma pessoa preparada e todo sacrifício é feito reservadamente.
Quem
também demonstrou insatisfação com o projeto foi o vereador Sílvio
Humberto, que disse se tratar de uma intolerância e que fere o direito à
liberdade de culto religioso. Segundo Sílvio, numa cidade como
Salvador, que valoriza a cultura negra, o projeto não deveria nem ser
colocado em pauta.
Guerra dentro do PV
O
projeto também criou polêmica entre os integrantes do Partido Verde, no
qual o vereador Marcell Moraes é filiado. Na última terça-feira (30), o
presidente do PV em Salvador, Luiz Araújo, enviou uma nota à imprensa
informando que o partido é contra o projeto apresentado por Marcell.
NOTA DO PARTIDO VERDE SALVADOR
O
Partido Verde vem a publico expressar através de sua instância
colegiada que preza pelo respeito à toda forma de culto religioso e
espiritual, entendendo que cada um segue rituais litúrgicos compatíveis
com suas crenças.
Surpresos
com o projeto de lei apresentando pelo Vereador Marcell Moraes, filiado
ao PV, que aborda a liturgia das religiões de matriz africana declaramos
que este tema não foi objeto de debate em nossa instância partidária,
tratando-se de um ato isolado e exclusivo do vereador, não possuindo
nenhum amparo político do Partido Verde para tal iniciativa.
Tal projeto não expressa o pensamento nem a ação do Partido Verde. As religiões de matriz africana tecem desde os ancestrais, uma relação de respeito à natureza, bem como sempre foram aliadas na preservação de áreas verdes.
Tal projeto não expressa o pensamento nem a ação do Partido Verde. As religiões de matriz africana tecem desde os ancestrais, uma relação de respeito à natureza, bem como sempre foram aliadas na preservação de áreas verdes.
Em
contrapartida, Marcell recriminou a atitude do presidente e disse que
vai solicitar a sua saída do partido junto ao presidente nacional. "O
presidente municipal mandou uma nota infeliz. Eu tenho uma reuniaõ hoje
com o presidente nacional (José Luis Penna - SP) para pedir a retirada
dele do partido ou posiocionamento firme. Luís está querendo aparecer",
enfatizou.
Segundo Marcell,
a nota que foi enviada é de cunho pessoal de Luiz e que não houve
nenhuma reunião com outros membros do partido antes de fazer o
pronunciamento. O vereador informou também que já tem apoio de alguns
membros do partido que são superiores ao presidente municipal.
Fonte: Tiago Di Araújo - iBahia
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